segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Da improbabilidade da vida...





O fim de semana estava sendo ótimo... A única maneira que Melissa enxergava para aquilo melhorar seria ele não ter fim.
Mas como as semanas são cruéis e não tem qualquer consideração com a paixão alheia, as segundas-feiras sempre sucedem aos domingos e, sim, aquela felicidade acabaria. E acabaria em poucas horas...
Melissa e Luciano eram aquele tipo de casal que talvez nunca fosse mesmo se encontrar sem que o destino armasse das suas peripécias... Aquelas pessoas improváveis até de se encontrarem em algum lugar comum. Não havia lugar comum. Não havia amigos em comum. Os interesses em comum só foram sendo descobertos aos poucos...
Mas eram um casal divertido. Faziam-se bem. Contavam um ao outro como foi o dia, davam apoio em dias ruins, davam risadas nos dias bons. Sabiam o que o outro estava pensando ou sentindo. Arriscaria dizer que eram capazes de completar as frases iniciadas pelo outro... E se completassem errado, ninguém saberia, pois dariam risada e aceitariam a brincadeira.
Mas Melissa e Luciano eram mesmo um casal improvável... Moravam há mais de 12 horas um do outro... Mais de 900 km separavam o casal improvável, mas que tinha tudo para dar certo... Aliás, deram certo graças à tecnologia! Não há, no mundo, distância que separe quem seja o feliz proprietário de um smartphone, afinal de contas.
E Melissa já não acreditava em Príncipe Encantado e em Felizes para Sempre... Também não acreditava que ser a Princesa no alto da torre esperando o príncipe que a escolhesse fosse uma opção... Aliás, nunca acreditou nisso...
Mas também não se sentia confortável em deixar a situação ir se arrastando sem saber quem eles eram, afinal de contas... Melissa pensou em como os rótulos são negativos, mas também em como são necessários... Não é que as coisas não estivessem caminhando bem, estavam! O fim de semana maravilhoso mostrava isso o tempo todo... O sexo era perfeito! O encaixe, maravilhoso! Dormir naqueles braços dava uma segurança e uma tranquilidade que Melissa poucas vezes tinha sentido... Apesar de toda a improbabilidade... Mas ela realmente queria mais... Estranhamente, Melissa ansiava por um rótulo! Não um rótulo para chamar de seu, mas um rótulo para chamar o outro! Melissa queria dar “bom dia, namorado!”, “bom trabalho, namorado!”, queria contar os dias, os meses, fazer aniversário... Melissa queria continuar sendo boba, mas com o mundo sabendo que toda sua bobagem tinha nome: Luciano!
Com a segunda-feira cruelmente se aproximando, Melissa, com o estômago dando voltas e uma certa tontura, sintomas creditados ao nervosismo que a situação impunha, fez a pergunta crucial... Aquela pergunta que ela não tinha feito a mais ninguém antes... Não seria idiota de perguntar isso a alguém... Mas foi! E perguntou...
“Quer namorar comigo?”
Faltou ar, o coração disparou, queria engolir a pergunta tão improvavelmente jogada...
Antes que conseguisse pedir para que a pergunta fosse ignorada, por mais rápido que tenha pensado, a resposta veio...
“Querer eu quero, amor... Mas...”
MAS... MAS... MAS...
O que veio depois Melissa não foi capaz de registrar...
O MAS foi suficiente pra fazer seu cérebro parar...
O que Melissa sentia não podia ser interrompido por uma conjunção qualquer...
MAS...
Pior! Uma conjunção adversativa...
MAS...
Sim... Lá estava ela: MAS, PORÉM, CONTUDO, ENTRETANTO, NÃO OBSTANTE, TODAVIA...
Melissa aprendeu nas aulas de Português o que todas elas significavam... Mas não aprendeu o poder da conjunção adversativa de partir em dois um coração apaixonado...
Aprendeu ali... A fórceps...
E desejou que a segunda-feira viesse...
E ela veio... Pois como as semanas são cruéis e não tem qualquer consideração com a paixão alheia, as segundas-feiras sempre sucedem aos domingos...

segunda-feira, 17 de março de 2014

Lonjuras...




E é tanta distância...

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Logo hoje...

Depois de 7 meses da separação, a ação de divórcio foi protocolada hoje no Tribunal...
Coincidentemente, abro o facebook e deparo com o seguinte texto:
O título é sugestivo e me fez tremer nas bases antes mesmo de clicar...
Apresenta o "caminho das pedras" para saber com quem casar...
Pensei em não ler...
Será que logo hoje seria o dia de eu ler alguém esfregando na minha cara o fracasso do meu casamento?!
Mas tem tanta gente compartilhando...
Pensei que eu devia me odiar mesmo pra estar clicando mais uma vez...
A foto é fofa...
Noivos do tempo do ronca! E a mocinha com um sorriso que não me deixou saber se ela estava feliz ou triste...
Esse sorriso me encheu de coragem e lá fui eu!
A cada frase eu tinha mais certeza de que fiz direitinho...
Sim! Fiz tudo que o texto tava falando!
Casei certo!
Casei com a pessoa certa!
Mas e aí?!
Convivo com tanta gente que segue o casamento por motivos diferentes de amor e conseguem ser felizes...
Será que não teria sido essa a opção certa?!
Mas eu não sei viver sem amor...
Não sei existir sem amar...
Seria me matar aos poucos...
Mas o que vivo hoje também não é?!
E aí?!
Aí o texto mesmo me respondeu...
"Os lábios se buscam, os corpos encontram espaços, mas quando duas pessoas olham em direções diferentes, simplesmente não podem caminhar juntas. É duro, mas é a verdade"...
Isso!
Na verdade, não se trata de amor ou falta dele...
Se trata de olhar em direções opostas...

 

"Nada do que eu fui me veste agora
Sou toda gota, que escorre livre pelo rosto
E só sossega quando encontra a tua boca

E mesmo que em ti me perca
Nunca mais serei aquela
Que se fez seca
Vendo a vida passar pela janela"

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

TÁ DE PARABÉM!




 

Primeira gripe de 2014!
Mas já começou uma merda esse ano, hein?!

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Com Plexo de Alice...

"Alice: Chapeleiro, você me acha louca?
Chapeleiro: Louca, louquinha ! Mas vou te contar um segredo:
as melhores pessoas são."
 "Existe um lugar como nenhum outro na Terra
Dizem que para sobreviver é preciso ser tão maluco quanto um chapeleiro
Que por sorte, eu sou".
Sou apaixonada pelo Chapeleiro Maluco...
Completamente!
Desde sempre...
Quando era criança, obviamente, eu não alcançava todas as angústias e ilações dele, mas ele sempre me fascinou...
Alice no País das Maravilhas tem a beleza de apresentar dois livros em um só texto: um para crianças e outro para adultos...
O Chapeleiro é diferente de todos!
E, principalmente, ama ser diferente...
Autêntico! Logo se vê o que ele está sentindo ou pensando...
É objetivo!
Se existe mesmo essa coisa de "alma gêmea", o Chapeleiro é a minha!
 "Isso é impossível!"... "Só se você acreditar que é!"
Coragem! Impetuosidade! Esperança!
Risos, risos e mais risos!
Sem medo de ser ou parecer ridículo!
"Que dia fabuloso!"
O Chapeleiro é a personificação da lógica do absurdo...
"Por que um corvo se parece com uma escrivaninha?" "Eu não tenho a mínima idéia!"
E não importa mesmo qual seja a resposta certa... não existem respostas certas...
E em algum momento precisaremos usar nossa espada vorpal pra enfrentar o Jaguadarte... Seja ele quem for...
"Não pode viver a vida só para agradar os outros.
A escolha tem que ser sua.
Porque quando você for enfrentar aquela criatura, terá que ir sozinha..."
E sim, pensar em 6 coisas impossíveis antes do café da manhã te faz acreditar que a única forma de chegar ao impossível é acreditar que é possível!
E sim, "minha querida! Que isto lhe sirva de lição: nunca perca a sua calma!"
E sim, "Esse sonho é meu! Eu decidirei daqui em diante." 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Assim seja!

"A maturidade vai te ensinar a olhar a vida com menos ilusão, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranquilidade e querer com mais vontade".



segunda-feira, 7 de outubro de 2013

"Soul" música!





No ano em que nasci minha mãe resolveu, por mim, que eu iria ser pianista...
Em atenção a esta resolução, um piano foi comprado... Não qualquer piano, um autêntico Fritz Dobbert...
Pobre menina rica...
Fadada a ter aulas de piano durante anos e anos com uma senhorinha que batia com a régua na mão a cada nota ou andamento errado...
Anos e anos tentando boicotar a senhorinha que, diga-se de passagem, embora não tivesse a didática da coisa, criou uns setecentos filhos e netos músicos e me ensinou a cantar (sim, cantei em algum momento da minha vida, inclusive para o Presidente da República) até conseguir convencer o pai de que não tinha talento para a coisa, muito menos dom...
As aulas cessaram... Não sem uma enorme resistência, alguns chiliques e inúmeras ameaças vindos da minha mãe...
Não é que eu não gostasse de música... Não é que eu não gostasse de piano... É que nunca na vida suportei fazer nada por obrigação... Sempre foi mais forte que eu... E eu me levantaria contra qualquer obrigatoriedade, mesmo que isso resultasse em parar de fazer algo que eu gostasse...
Sim, eu gostava... Me dava enorme prazer fechar os olhos e ME OUVIR...
Saber que aquelas notinhas soltas tinham virado algo concreto... e que estavam vindo de mim...
Durante toda minha adolescência acordei e dormi ouvindo música...
Fui expulsa de sala incontáveis vezes por acabar, sem querer, "puxando" um recital no meio da aula, com direito a batuques de lapiseira e efeitos sonoros de BIC quatro cores...
Cada acontecimento da minha vida logo recebia uma trilha sonora... É assim até hoje, confesso! Sou um ser musical...
Enfim, quando minha mãe desistiu e achou que o piano tinha sido o maior prejuízo da vida, pedi para voltar a fazer aulas...
Não mais com senhorinhas, mas com alguém jovem, moderno, que conseguisse entender minhas "tendências" musicais, ou seja, alguém que não me fizesse tocar Jesus Alegria dos Homens milhares de vezes...
Achamos a professora!
Dava aulas em casa, novinha, linda... Sabe aquela pessoa que você olha e fala: quero ser assim quando crescer?!
Lá fui eu, com todo o material pedido embaixo do braço...
Primeira música que me mandou tocar: Jesus Alegria dos Homens!
Quanta tristeza...
Fiz biquinho, perguntei se era piada...
Ela entendeu e mudamos o rumo da prosa...
Vamos tocar coisas novas! MPB, Bossa Nova... Desde que você também toque Schubert, Chopin e seus amiguinhos...
Trato feito!
Nos demos muito bem!
E passados alguns anos, ela resolveu parar de dar aula...
E agora, José?!
Fui para uma "academia" de piano! Lá tinha que fazer aula teórica, prática, de canto e de solfejo...
Eu, no auge da minha adolescência, tinha que cantar sozinha na frente das pessoas...
Aquilo não tinha como dar certo... 
Eu era envergonhada até dizer chega, mas não deixaria cair minha máscara de descolada... Ninguém diria que eu era tímida, naquela época...
E deu certo!
Até que me enchi de novo e parei tudo! 
Fazer aulas significava, para a minha mãe, que eu tinha que tocar para todo e qualquer elemento que entrasse na minha casa, como se a criatura, realmente, quisesse me ouvir tocar...
Virou obrigação de novo...
Parei!
Cresci...
Tocava só quando tinha vontade... Ou sempre que meu pai pedia...
Hoje só toco quando estou sozinha... Ninguém ouvindo, embora sempre perceba duas cabecinhas espreitando do corredor... Finjo que não vejo a prole ouvindo escondida e eles juram que se escondem super bem...
É nosso segredo...
Semana passada João Pedro deixou escapar que contou para a professora que a mãe é PIANISTA!
PIANISTA!
Nunca fui...
Mas saber que ele tem orgulho de me ouvir tocar foi uma delícia!
Voltei a sentir o prazer que sentia quando mais nova, um enorme prazer ao ME OUVIR...
Voltei a me sentir feita de uma enorme mistura de notas, compassos, pausas e contratempos...
Porque a vida é assim...
Especialmente a minha, que "soul" música...